ser genioso não significa ser genial

23.3.08

ela: eu sou um livro aberto...

ele: eu sou uma bula de remédios.


(ela conta histórias fantásticas enquanto maqueia o que tenta ser. ele tem contra indicações e efeitos adversos impressos em preto e branco. ela quer, custe o que custar. custe quem custar. ele paga o preço de ser como é; só e cru. ela quer amor? ele não a quer.)

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mais que felicidade, te desejo lirismo.
te desejo borboletas.

(dedicatória para quem amei)

8.3.08

os últimos dias tinham cores diversas. difusas entre nesgas de sol que entravam pelos vãos do telhado e escondidas na quase penumbra que engolia os cantos. agora parecia acordar de um sono partido, porém pesado que perdia o tempo recente em um semi-consciência.
teria mesmo acontecido aquela conversa? parecia sonho, mas fazia sentido; por que outra razão teria entrado naquele transe? quanto tempo havia? tentava agora localizar os dias. se lembrava, claramente, da quarta feira: chovia à tarde depois de uma manhã de ar mormacento e grosso. tinha calçado as botas apesar do calor. foi visitar a amiga de peitos novos. lembrava do toque do telefone que, até então, lhe era aprazível. nos dias seguidos, o toque parecia torturante e a levara ao fundo daquele estado de não ser. o barulho se misturava a delírios e palavras desconexas em cenas obscuras. enfim.
o telefone tocara, agora estava certa. era aquela voz feminina. a voz que, anos passados, ainda a torturava em flashbacks que causavam aquele calor ruim, calor de vômito que sobe, mas não vem. a mulher- menina, vinha a saber depois- dizia: sei quem é você. e ele, ah, ele eu conheço muito bem. e essa voz parecia uma gargalhada, apesar de ser estridentemente séria. a gargalhada não vinha da voz, que contava a história trágica. a gargalhada era da mãe, do pai. era de tantos que ela desafiara, tempos atrás. e a gargalhada sem garganta se aproveitava daquela voz, sem traço de riso, para caçoar dela. e, junto com aquelas palavras, e aquele riso sem som, despencavam as verdades que ela, primorosamente, criou. ela nunca chegou a ver um rosto para aquela voz, enquanto a risada teve todos os rostos que ela conheceu. teve até mesmo o rosto dele, que se dizia merecedor de todas as exceções. a voz, mesmo, essa bastou-se.

5.3.08

foi tudo seu. eu te amei e te sofri; principalmente, e muito. o amor deixou de ser e nem bonito sépia amarrotado ficou. agora novas amplidões têm tornados e coiotes, nada tão perigoso assim. porque doer, mesmo, foi você quem me ensinou. mas eu fiz um desejo de olhos fechados, bem espremidos e, quando eu abrir, você não vai estar.